segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vam'bora!

Sabe aquela sensação, de quando você está aprendendo a andar de bicicleta, e seu pai ou mãe, segura e diz, "pode ir que eu to segurando, não vou te soltar", e logo depois "agora eu vou deixar você ir sozinho, vamos lá, você consegue"? Claro que eu sou a pessoa menos indicada para dizer isso, porque eu aprendi andar de bicleta sozinha, meus pais trabalhavam o dia inteiro, e como meu pai não gostava muito de andar de bike, ele deixava a Barra Circular dele em casa, alta como só ela consegue ser. Então eu inventei um modo pra montar nela e sair pedalando. Eu a arrastava até o tanque, encostava, deixava o pedal pronto, e depois subia no tanque, montava nela, tomava impulso e saía andando pelo quintal. Pra parar, tinha todo um preparo, colocava um dos pés já na frente afim de alcançar o tanque, já que era meia brusca a tal parada, pois minhas mãos não alcançavam os freios. Nunca caí um tombo sequer, até que um dia minha mãe resolveu comprar uma bicicleta pra mim, sabe, daquelas femininas, cor de rosa claro, estilo Barbie? Pois é, eu levei o primeiro de tantos outros tombos nela, mas não desisti, fiquei toda ralada. Oras! Se eu andava numa bicicleta mais alta do que ela e eu, porque não andaria nela? Tomei uma raiva da cor rosa, até porque a maioria das meninas que implicavam comigo na escola, adoravam essa cor. Só fiz as pazes depois de crescida, mesmo com a minha prima me chamando de madame. Enfim!
Quando aprendi andar de moto a história foi praticamente a mesma. Meu pai chegou com uma moto XLR branca, daquelas bem alta, eu peguei a moto e fui andar, tranquila, foi então que ele resolveu trazer a Dream, me ralei todinha e olha que eu nem tinha saído do lugar direito. Confesso que estou curiosa pra saber como vou aprender a dirigir. Que se cuidem os latões de lixo hehehe.
Mas lembrei também que eu ajudava meu irmão no seu aprendizado com as pedaladas, o segurava e ia com ele pela rua. Medroooooso! Até que um dia eu o soltei, enquanto ele não tinha percebido que estava só, foi andando direitinho, mas depois foi parar num morro de areia e abriu o berreiro. Corri até ele, fiz cócegas e coloquei ele na bike denovo, tomou um tombo atrás do outro, mas aprendeu, o engraçado era que, eu sentia o frio na barriga por ele, ou com ele.
Mas frio na barriga de verdade eu senti quando completei doze anos. Como eu tinha medo de crescer, tudo pra mim era tão grande, muitas pessoas eram más. Deitei na cama, olhei pro teto e comecei a chorar, pedindo a Deus que não me deixasse crescer, principalmente depois de um natal trágico, um amigo, que considerava um avô, foi morto. Naquela noite ele me puxou pra dançar, ou brincar de dançar né, ele estava tão feliz, que decidiu ir a pé com a gente, chegando no bar, ele abriu a porta e deixou só a gente ali dentro, deu umas fichas pro meu irmão eu brincarmos na sinuca, enquanto os adultos conversavam. Logo depois fomos embora, assim que cheguei em casa eu comecei a chorar, e não sabia porque, amanhacendo o dia, a viúva batia a nossa porta com a triste notícia.
E ontem olhando o Rio Machado me lembrei do meu finado "avô" (Machado), como ele está cheio, deu um certo gelo só de pensar em alguém caindo ali dentro. Mas apesar de ter pedido a Deus pra não me deixar crescer, percebi que já tinha vencido tantos desafios, e ajudei uns a superarem os seus, o rio virou para mim uma coisa pequena, e a cada dia peço a Deus que me dê muita sabedoria, pois, novos dias virão, com eles, pessoas boas e ruins, pretendo amá- las de todo o coração, dar meu carinho, sorrisos e abraços. E que nessa nova jornada eu possa enfrentar as difíceis situações de cabeça erguida, com coragem e sabedoria. E desejo o mesmo a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário