segunda-feira, 21 de março de 2011

Homenagem ao amigo Salgadeiro

Alguém sabe como se faz um grande homem?
Tem receita? E como se prepara?
Talvez eu nunca venha saber, mas eu fico feliz em ter conhecido muitos deles. Sabe do que mais? Eles não são presidentes, alguns deles nunca chegaram perto de um microfone, ou apareceram na televisão, eles apenas nasceram e marcaram a história da minha vida, com muita simplicidade.
Ontem, um dos grandes homens que conheci infelizmente nos deixou, e não fiquei sabendo por televisão, rádio ou internet, o mais poderoso meio de comunicação que Deus me deu me alertou sobre isso, os fatos foram confirmados quando minha mãe me ligou na tarde dessa segunda para passar a triste notícia.
Ele não era um político, um doutor, ou empresário. Ele era um salgadeiro. Isso mesmo, um salgadeiro, que ficava com seu carrinho na porta da agencia da caixa econômica em Ariquemes. Vendia caldo de cana, pastéis, risoles, enroladinhos e outros mais. Apesar da idade avançada e do calor da região, ele estava sempre ali, com um sorriso no rosto e muita simpatia, pra dar e vender.
Nos poucos momentos que eu podia sair de casa pra ir no centro, passava por ali, pra comprar uma esfirra e tomar um caldo de cana, e isso contagiou até meu irmão. Passamos a economizar alguns trocados, pra que quando fossemos ao centro, pudessemos passar por ali pra comer um saboroso salgadinho quentinho. Todos os dias passavam muitas pessoas, as vezes sem condições de pagar por um salgado, então ele dava. Adorava contar uma história como ele só, mas nem fazia tanta diferença, porque o salgado era uma delícia.
Lembro da primeira vez que o conheci. Ele logo veio perguntando: -Que tal um salgado e um caldo de cana hein moça bonita?
Como eu sou meia arredia de vez em quando, logo o encarei e disse não, mas minha mãe insistiu, ela já o conhecia. E ao provar daquele salgado, logo mudei... foi incrível, eu jamais tinha comido um salgado com tanto gosto.
Desde então, dia após dia, com sol ou com chuva, lá estava ele, com um sorriso aberto, oferecendo seus deliciosos salgados.
Mas ao andar pelo centro, notei que ele já não estava mais por lá. Em seu lugar estava uma outra pessoa, o carrinho era o mesmo, mas onde estava o dono?! Cheguei mais perto para comprar um salgado e já não gostei do atendimento, até o gosto tinha mudado, não estava mais tão quentinho quanto antes. Mas por vergonha nem perguntei. E os dias se passaram, e agora morando em Ji- Paraná, a caminho da faculdade, minha mãe me liga pra avisar que o nosso amigo, morreu no domingo em São Paulo, estava com câncer.
Passei a tarde inteira pensando nos amigos, presentes de Deus. Até liguei para um deles, mas sua vida é uma correria, até entendo. Parte desses grandes homens, que me inspiram, já não vivem mais, outros ainda vivos, prezo com zelo pela amizade.
Ah sim, eu não esqueci das mulheres viu. Mas é que a homenagem de hoje são para os amigos, para um dos amigos em especial.
Que Deus o tenha, e obrigado pela lição de vida.

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