sábado, 7 de maio de 2011

Os anos se vão.

Algum dia, não importa o mês, ano ou semana, mas sempre se recebe uma visita do cupido. Deveria ser proibido, ou sei lá, ter uma plaquinha de "Não Entre" ou "Não Perturbe". Ao menos era assim que pensava Láila.
Sempre sorridente, sentia- se tão livre quanto um pássaro no ar, suas asas abertas cortavam ventos, sua casa era o céu. Seus amigos eram poucos, mas não havia pra quem Láila não sorrisse e não tivesse carinho.
Seu belo sorriso conquistava muitos, e era motivo de inveja também, mas ela sabia que não poderia agradar a todos, nem se quisesse.
Láila era brincalhona, tinha seu mau humor, de gênio forte, um pouco fria, mas paciente, de bom coração, sua teimosia era sua marca. Procurava tratar a todos com igualdade, havia quem confundisse seu jeito de ser, mas ela não ligava.
Um dia em especial conversava com um amigo, de longa data, mas, algo de estranho estava acontecendo. Ela não sabia definir o que era, apenas olhou bem para os olhos dele e sentiu- se mergulhando neles. Nesse exato instante o passarinho chegara perto demais do rio, não estava preparado para nadar ou mergulhar, ninguém nunca sabe o que há debaixo d'água, mas ela retoma seu vôo sem danos, pelo menos era o que ela pensava.
Uma gota estava na ponta de uma das asas, e já não se podia enxugar.
Em mais um dia, eles brincam com a música que começa a tocar. Quem ouvia? somente eles. Pois estavam na mesma sintonia. No bosque ela rodopiava, cantava e sorria, suas mãos estavam unidas às mãos dele, a orquestra era inquestionável, no silêncio as mais belas melodias só podia ser ouvida por eles. A dança foi parando, como um baile que dá uma pausa para os casais agradecerem. Os sorrisos foram sumindo, os corpos estavam juntos e se aproximavam cada vez mais, de rostos colados, deslizavam até que seus olhares se encontraram. Nada mais se movia, a não ser seus tórax, a respiração ofegante, os lábios ardiam, se chamavam, mas antes que pudessem se encontrar, rapidamente ela repele, como um imã em contato com um corpo de mesma polaridade, mas as energias se invertem quando ele abre seus braços e olhando fixamente para ela, e a toma, envolve a, e seus rostos voltam para si... Os lábios se chamam cada vez mais.
Pobre passarinho, está com seus pés na água, molhou as suas asas, apesar disso ainda encontrou um jeito de recuar, pois sabe que se for mais além poderá se afogar. Infelizmente a água deixou mais do que um simples molhado, suas penas não estavam lubrificadas e penetrou nos poros. Ela retoma seu vôo, a água fica sem entender. Todos os dias ela sobrevoa o rio, mas já não chega tão perto.

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