domingo, 26 de dezembro de 2010

Meu Natal...

Em pleno fim de ano, eu estava me sentindo entendiada. Parece que nada muda. O ano é novo, mas as coisas continuam iguais, parece até um círculo vicioso. No natal, as pessoas comemoram e bebemoram muito, num termo mais grosseiro, elas "enchem a cara de cachaça". No dia 31 de Dezembro todos se reúnem, em algum lugar para festejar e prestigiar os Shows Pirotecnicos, desde os fogos importados, até aqueles que te sufocam com tanta fumaça, e como não poderia faltar... Mais bebidas. Quase esqueci de mencionar aqueles parentes e vizinhos inoportunos, que chegam na sua casa, na maior cara de pau, com um sorriso mais falso do que um aparelho do Paraguai, ou no nosso caso, da Bolívia, e ficam observando tudo na sua casa, desde o detalhe da porta, até o cisco na estante, as vezes dá a impressão de que as pessoas usam as festas como desculpas pra ficar bisbilhotando a casa dos outros, claro que isso não se aplica a todos, e também não sou uma egoísta que não sabe se confraternizar, mas, é uma realidade e acontece. Para provar de que sei do que estou falando, quando era pequena, minha família foi convidada para ir a um jantar, um amigo do meu pai se ofereceu para nos levar. Todo mundo arrumadinho, eu estava me sentindo no vestido novo que a mamãe me deu. Peguei o meu irmão no colo e fomos todos. Conversa vai, conversa vem e a noite já estava acabando, eu pingava de sono, meu irmão já dormia no cantinho, meus pais disseram que tinham que ir, por causa das crianças. Despedida cheia de beijos de abraços, com enormes e sinceros desejos de um feliz ano novo. Distante dali, no carro o amigo do meu pai começou a comentar com sua esposa, então ela contou detalhes da casa, que o arroz não estava do seu agrado, que as uvas passas estavam passadas demais, que a carne estava muito vermelha, e de como ela nunca tinha reparado que a dona da casa tinha uma voz meia irritante, e isso foi só o começo da conversa. Quando chegamos em casa, minha mãe me disse, que não era pra fazer isso jamais, que precisamos respeitar as pessoas, e que eu fizesse de conta que nunca ouvi aquilo. Com o passar dos anos, eu vi acontecer a mesma coisa, na Páscoa, aniversários, casamentos...
Passamos a comemorar em casa, de vez em quando vem algum vizinho ou parente, e para ser bem sinceram eu não gosto muito dos fogos, me incomodam os ouvidos, e o cheiro então, tem mulher que deveria ficar irada, porque vai ao salão, fica horas arrumando o cabelo, alisando e deixando cheiroso, lindo e maravilhoso, então vai para assistir fogos de artifícios e além do cheiro de pólvora e ainda fixa aquele cheiro terrível da fumaça de cigarro. Outra coisa que odeio, não sou fumante e sou obrigada a fumar.
Este ano, sem planejar nada, resolvi dar uma caminhada, então chamei meu irmão pra andar um pouco, fomos num bosque, se é que se pode chamar de bosque, mas é um lugar interessante, é pequeno, mas tem bastante árvores e um córrego que infelizmente já virou uma espécie de esgoto para óleo doméstico, tiramos alguns lixos da água, ficamos observando a mata. Depois fomos para casa tomamos um banho, e disse e meu irmão que estava morrendo de vontade de ir ao monte denovo, agora chamado Monte Horebe, é um lugar lindo, ali tem uma vista maravilhosa da cidade. Então colocamos nossos tênis e fomos, "ali" do outro lado da cidade, pelo nosso rítmo até que chegamos rápido, antes de chegar lá tivemo um difícil trabalho de não adotar uma cadelinha lindíssima e fofa que estava numa calçada, aliás, ela ja tinha dono, pois estava bem cuidada, apenas examinamos de maneira superficial porque ela arrastava tanto a barriga no chão, constatamos que ali tinha um carocinho, provavelmente aquilo a incomodava, mas seus dentes estavam perfeitos, e não fedia. Ela tentou nos seguir, e fomos andando, quem sabe o dono aparecesse, deveria ter saído de casa ou dormindo por causa da ressaca.
Chegando no monte começamos a subir, e subir e andar, pulando pelas pedras, no meio do mato, voltamos a trilha e fomos parar num bosque de verdade, árvores altas, e curiosos como nós decidimos subir um pouquinho mais. Logo depois voltamos para ficar na pedra, um lugar grande de onde temos a visão da cidade, e por ali ficamos, já estava anoitecendo e antes de ir embora eu parei e olhei para a cidade, e naquele momento eu queria ter uma câmera na mão, para registrar aquele momento, em que as luzes dos postes, pareciam velas acesas e espalhadas. Não sei como descrever, só vendo mesmo pra saber qual a sensação que se tem ali.
Descendo do monte viemos meio em silêncio porque o cansaço já estava tomando conta, mas para não desabar continuamos andando num pique até chegar em casa. Hoje me restaram algumas dores pelos músculos de tanto ficar fazendo esforço para subir nas pedras, e pular de uma para outra, mas confesso que eu gostei e muito, e em casa fiquei mais feliz ainda, por saber que o meu dia de natal foi diferente, agradeço a Deus por ter tido o privilégio, e já tenho planos de voltar lá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário